Arte têxtil, uma delicadeza impecável
2022
Radicada no Brasil desde 1983, a holandesa Barbera van den Tempel trabalha com artes plásticas desde que ingressou na Escola de Música e Belas Artes do Paraná (EMBAP).
Nos últimos anos, a artista tornou-se uma parceira da Oslo Design, contribuindo com instalações e projetos customizados para diferentes clientes.
Aqui, compartilhamos um pouco da nossa visita ao seu atelier.
“Identifico-me com as qualidades inerentes e os significados culturais dos materiais como lã, fibra e seda , assim como a transformação de uso milenar desses materiais na arte contemporânea.”
— Barbera van den Tempel
Como você acredita que sua origem e bagagem influenciam seu trabalho?
Meu trabalho carrega uma afinidade com o meu passado e com o que chamou minha atenção ao longo da vida. Quando criança, observava minha avó fazendo lindas rendas de crochê e, até hoje, tenho guardado os bordados em ponto-cruz da minha mãe. Esse contato fez com que eu me identificasse com os materiais e suas possibilidades de uso — texturas,, volumes e cores. Estou sempre buscando criar uma relação entre o bidimensional e o tridimensional, potencializando o uso artístico do tecido.
"Me identifico com a arte têxtil porque eu venho de uma linhagem de mulheres que trabalhavam com costura."
Barbera van den Tempel
Como é seu processo criativo? Desde as obras autorais até projetos customizados.
Meu processo de trabalho é orgânico. Permito que o material e a generosidade das cores me inspirem para, então, aplicar as técnicas de feltro: é assim que intuição e ciência se encontram. Quando falamos de projetos personalizados, a interação com o cliente é fundamental para que a obra possa ser integrada ao seu futuro ambiente. Nesses casos, fotografias de materiais e estudos de cores costumam ser o ponto de partida.
"O observador vê em minha obra fragmentos desse casal no qual pode imaginar o restante da pintura como um todo."
Barbera van den Tempel
Em 2019, você fez uma obra inspirada no artista holandês Rembrandt van Rijn. Para você, qual a conexão da série com os originais?
Apesar de trabalhar com obras abstratas, sempre tenho uma inspiração original. No caso do Projeto Rembrandt, foi a pintura A Noiva Judia (1665). Ali, testemunhamos um casal sendo observado através de uma lente distante, porém intimista. As dobras das roupas e a dinâmica das formas aumentam a tensão das imagens e, ao invés de ler o cenário como um todo, somos desafiados com três pontos isolados. Nossos olhos, então, buscam entender a abstração através dos detalhes ampliados, nos permitindo contemplar sua totalidade.