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Rodrigo Ohtake

Entre a Arquitetura e o Design

Com uma linhagem familiar de talento artístico, sendo filho do arquiteto Ruy Ohtake e neto da artista plástica Tomie Ohtake, Rodrigo cresceu imerso em um ambiente criativo que o influenciou desde cedo. Sua formação inclui a graduação em Arquitetura e Urbanismo pela FAU/USP e uma experiência de estudos no prestigiado Politécnico de Milão.

Ao longo de sua trajetória, Rodrigo colaborou com nomes como Mario Biselli e Alvaro Puntoni, além de ter trabalhado ao lado de seu pai por uma década. Essas colaborações enriquecedoras moldaram sua visão criativa e o inspiraram a explorar novas fronteiras no campo do design.

No escritório Ohtake (fruto da fusão entre Ruy Ohtake arquitetura e urbanismo e Rodrigo Ohtake arquitetura e design), Rodrigo se dedica a desenvolver projetos de arquitetura e urbanismo, além de criar móveis exclusivos. Sua paixão pelo design de mobiliário o levou a produzir peças independentes que combinam funcionalidade, estética e inovação, e solidificam sua marca no cenário do design nacional.

"A noção de intuição é algo que conecta profundamente as três gerações de artistas em nossa família, e espero que a quarta geração que está vindo aí também."

Você costuma dizer que, desde criança, queria ser arquiteto. Como o legado familiar reverbera em suas criações arquitetônicas e de design?

“Tomie nunca frequentou uma escola de arte, e sua abordagem autodidata foi impulsionada por uma intuição marcante. Ela sentiu que sua expressão artística não estava mais alinhada ao figurativo e, confiando em sua intuição, passou a desenvolver seu trabalho na direção em que acreditava. A noção de intuição é algo que conecta profundamente as três gerações de artistas em nossa família, e espero que a quarta geração que está vindo aí também.

Mas aí é importante falar de repertório. O repertório se constrói todos os dias. A intuição, é uma coisa que a gente também educa, aprimora, molda, e isso é muito baseado no nosso repertório. Nas viagens que fiz com meu pai, ou mesmo nas minhas próprias viagens, os livros que eu li, as pessoas com quem eu convivi, de alguma maneira também influenciaram minha intuição. Então na hora de criar, tanto eu como a Tomie, o Ruy, ou mesmo minha irmã Elisa, nós usamos muito a intuição, que é algo muito potente que o ser humano e é muito individual. E eu acho que dali saem traços profundamente autorais.”

Lançamentos na Oslo:
Cadeira Dueto, Mesa de Centro e Mesas Laterais Tri

Cadeira Degaldina
Mesas laterais Tri
Poltrona Delgadina

Qual a história das peças desenhadas por você para a ARTI que hoje a Oslo Design representa, com exclusividade em Curitiba?

“A coleção nasceu a partir da cadeira Delgadina, inspirada em uma personagem do livro Memória de Minhas Putas Tristes de Gabriel Garcia Marques, que é também o apelido que dou carinhosamente à minha esposa. Sempre fui fascinado pela estética das cadeiras de três pés, influenciado por Arne Jacobsen e sua versão com três pés na frente. Acredito que três pés são suficientes para proporcionar estabilidade, pois além dos três pés da cadeira, temos os nossos próprios pés como apoio.

Inicialmente, comecei a construir a cadeira com arame, já que não tenho habilidades de desenho manual e me expresso melhor visualizando o design na minha mente. Fui moldando o arame até alcançar a delicadeza que buscava. A escolha de três pés também foi determinada pelo mínimo necessário para a cadeira se sustentar no chão, refletindo minha fascinação pela gravidade e meu desejo de minimizar o contato com o solo. Além disso, na minha abordagem arquitetônica, não queria evidenciar a estrutura da cadeira. É evidente que o assento é o elemento que une e estrutura a cadeira.”

Cadeira Delgadina

"A escolha de três pés também foi determinada pelo mínimo necessário para a cadeira se sustentar no chão, refletindo minha fascinação pela gravidade e meu desejo de minimizar o contato com o solo."

Já a Cadeira Duetto, que ironicamente tem seis pés, tem um design leve e curioso, quis criar essa peça com a ideia de duas partes quase dançando, buscando um contato mínimo. Optei por uma cadeira baixa, sem braços, para que, quando encostada na mesa, quase desaparecesse, destacando o tampo. Ao ser puxada, revela-se uma cadeira confortável, porém pequena. 

Vou contar um segredo sobre a inspiração dessa cadeira. Sou fã de botecos, e aquele tipo de cadeira dobrável de metal me serviu como base para o desenho do encosto. Claro, fiz algumas modificações, como tornar o encosto curvo em vez de reto. Mas a inspiração veio dessa cadeira tão característica dos botecos brasileiros, presente em todo o país. No entanto, sempre mantendo o diálogo com a Delgadina em relação à dobra da madeira.

Mesa de Jantar Delgadina
Mesa de Centro Tri

A partir daí vieram as outras peças como as mesas que da mesma maneira desafiam o material da madeira. Têm os pés curvos, que quase não vemos tocar no tampo como se este flutuasse, tentando buscar uma certa imaterialidade, e aí eu estou me referenciando à obra do Toyo Ito, que eu acho que é um grande arquiteto japonês.”